Um parto com fé, força e confiança
Um parto sonhado, em geral, é também planejado. E, por planejamento, quero dizer que há uma preparação para ele. No caso de Márcia e Ivor, eles se prepararam ao longo de toda a gravidez para a chegada de Isabella – relembre aqui o depoimento de Márcia.
O casal começou com a respiração do renascimento ainda no primeiro trimestre. Trabalhamos também o projeto de vida, suas escolhas e empoderamento para o parto.
O mais interessante é que eles deram a oportunidade de trabalhar com suas famílias de base. Dessa forma, tivemos igualmente encontros com as avós e com a guardiã do parto.
O mais importante, porém, é que os nossos encontros foram se desenvolvendo com o intuito de empoderar esta mulher para aquele momento tão desejado. Porque Márcia é uma mulher que tem uma vida completamente ativa, de muitos trabalhos. Ademais, ela é empresária e tem uma conexão muito forte com a sua vida profissional.
Então, nesse programa, nós trabalhamos também a preparação para viver o seu tempo da maternidade. Assim como para viver a sua licença maternidade, viver a sua lua de leite e, acima de tudo, amadurecer-se como mãe.
A preparação até o dia do parto
Durante todo o processo de gestação, Márcia e Ivor viveram sessões semanais, quando trabalhamos o casal, o pai, a mãe. Márcia também se trabalhou fisicamente. Na realidade, ela estava se preparando conscientemente para uma jornada de parto normal.
No dia do parto, observei como Márcia foi se desenvolvendo. Foi realmente um processo de transformação e de conexão com Ivor. Um conexão, contudo, em uma dimensão profunda, olho no olho, respiração com respiração, toque, contato. E, assim, os dois começaram a entrar no trabalho de parto propriamente dito.
Ivor sentia o seu corpo diferente enquanto Márcia gerava seus movimentos. Isso até o momento em que a bolsa se rompeu. A partir daí, o casal seguiu para viver o nascimento de sua filha. Um nascimento em que ele, o pai, estava pronto. Foi bonito ver a sinergia deles, como ele encaixou o seu corpo no da sua companheira, gerando os movimentos.
Aliás, todos os profissionais envolvidos na chegada de Isabella estavam conectados. Eles pouco interferiram, pois os pais sabiam perfeitamente o que queriam fazer. O casal se escutava sem precisar verbalizar. Era olho no olho, respiração com respiração.
E assim caminhamos nesse trabalho de parto até que o primeiro sinal de que Isabella já estava próxima – ela já estava no canal. Foi nesse momento que Ivor se sentou na banqueta, apoiou sua esposa com toda força e amor e os dois saíram daquele espaço. A partir daquele momento, nada mais importava, apenas a relação deles dois.
Um parto de pertencimento
A meu ver, como doula e renascedora, esse foi um parto de 100% de pertencimento. Um parto de inteireza, de contato, amor, verdade. Foi um parto de segurança.
Alguns recursos foram usados pelo casal para ajudar a criar um ambiente de tranquilidade. A música que ela desejou foi tocada com o instrumento que ele pensou. Eles se repetiam frases afirmativas. Da mesma forma, davam as boas-vindas a essa criança que chegava ao mundo com seu brilho próprio, com sua alegria, sua força.
Após o nascimento de Isabella, Márcia precisou ser transferida para outra unidade para realizar um procedimento. Mas nada externo conseguiu interferir no seu controle emocional. Foi nesse momento que nós percebemos a importância de todo o preparo que ela fez, de toda a conexão que existia. Toda a família foi transferida para uma outra unidade de saúde.
Ivor foi o tempo todo um pai inteiro, pronto. Ele sabia o que cada movimento do corpo de sua esposa dizia e esteve ao seu lado por todo o processo. A bebê também estava do lado deles o tempo inteiro. Isso fortaleceu o casal.
Fé, foco e confiança
Felizmente, Márcia não se conectou em nenhum dos medos que ela carregou durante a gestação. Isso se deveu ao fato de esses medos terem sido cuidadosamente trabalhados – e muito bem trabalhados!
Dessa maneira, ela focou em simplesmente repetir a sua afirmação: fé, foco e confiança. A todo momento essa frase retornava e era repetida – fé, foco e confiança; e assim foi. Márcia ultrapassou essa etapa que foi necessária, que trouxe para ela uma força para vivenciar o pós-parto, para trabalhar o que era necessário.
Então, na minha opinião, esse foi um parto de cura, de fé, de força e de confiança.